domingo, junho 01, 2008
domingo, maio 04, 2008
quinta-feira, maio 01, 2008
LIBERDADE
Há uma palavra
cem mil vezes proibida
e outras tantas murmurada
que grita inteira no meu peito.
Há uma palavra
cem mil vezes proibida
que foi já partida e terra de chegada
e desfolho em meus dedos com certo jeito.
Palavra
cem mil vezes perdida
cem mil vezes achada.
Cem mil vezes repetida
e outras tantas desejada.
Por ela Abril floriu
naquela longa madrugada.
E se entre medos
ódios e opressões
eu não mais puder resistir
hei-de gritar a palavra Liberdade
quanto meu pensamento
ou raiva o permitir.
António Afonso
quinta-feira, abril 17, 2008
VOO
E lívidas abres as tuas asas
como se o tempo e o vento
mergulhasse em mim ao compasso da brisa.
Voos que se cruzam
sobre a distância
na serena quietude da memória de ti.
E em vertiginosa lentidão
percorro ébrio os instantes de silêncio
se adormeço dentro desse sonho
de te ver um dia chegar
vestida de longe e ternura.
sexta-feira, fevereiro 08, 2008
O SUL DA MEMÓRIA
Esse dom de surgires dentre a fria palidez da tarde, transforma-te num soluço submerso, entre a água e o brilho do sol, onde aguardo o milagre irrepetível da tua essência.
E assim, como testemunha silenciosa do Tempo, teimando em não me abandonar nas horas onde permanecem os clarões do vento, surges desse labirinto onde te encontras, como catedral de ébrio e fugaz desejo.
És o Sul da minha memória, e a semente perdida dos oásis, onde bebo melodias intactas dos pinhais de luz.
E assim, como testemunha silenciosa do Tempo, teimando em não me abandonar nas horas onde permanecem os clarões do vento, surges desse labirinto onde te encontras, como catedral de ébrio e fugaz desejo.
És o Sul da minha memória, e a semente perdida dos oásis, onde bebo melodias intactas dos pinhais de luz.
quinta-feira, janeiro 31, 2008
DIVINDADE SUBMERSA
Com teu halo de deusa etérea e gravitando no estilhaço das palavras que misturas até à transparência, habitas todos os universos que invento dentro de mim.
E voo com as minhas asas brancas na esperança de te sentir chegar diáfana e divina.
Como se mergulhasses na essência do meu finito ser, submerges na insuportável dor do meu silêncio inerte, onde me extingo nas fontes inaudíveis das magnólias de luz.
E voo com as minhas asas brancas na esperança de te sentir chegar diáfana e divina.
Como se mergulhasses na essência do meu finito ser, submerges na insuportável dor do meu silêncio inerte, onde me extingo nas fontes inaudíveis das magnólias de luz.
sábado, janeiro 19, 2008
RIO DA MEMÓRIA
Essa água inevitável que em densos sulcos se funde em ti, faz parte de mim como rio da memória.
No entanto, ignoras que gotas ocultas que bebo na distância, são a dor dos abismos que sinto.
E o cristal vertiginoso onde meu rosto se reflecte no fervor de pranto, é aquela labareda, que jamais se esfumará no ser e no silêncio de mim.